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Relatório de universidade argentina confirma danos genéticos causados pelo agrotóxico glifosato

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peligro glifosato-ecozonalFonte: Pagina 12, por Dario Aranda
Tradução do espanhol: Renzo Bassanetti

Após oito anos de pesquisas, o grupo GEMA (Grupo de Genética e Mutagênese Ambiental) da Universidade Nacional de Rio Cuarto (UNRC) elaborou um relatório no qual confirma a clara vinculação do glifosato com mutações genéticas que podem se transformar em câncer, gerar abortos espontâneos e nascimentos com malformações.

Oito anos de pesquisas, quinze publicações científicas e uma certeza: os agrotóxicos geram danos genéticos e levam a maiores probabilidades de contrair câncer, abortos espontâneos e a fetos com malformações.  A afirmação provém do GEMA, formado por pesquisadores da UNRC, que confirmou, através de estudos em pessoas e animais, as consequências na saúde do modelo agropecuário. Glifosato, endosulfan, atrazina, cipermetrina e clorpirifos são alguns dos agrotóxicos prejudiciais.  “O vínculo entre o dano genético e o câncer é claro”, assinalou Fernando Mañas, pesquisador da UNRC.

“A genotoxicidade do glifosato avaliado por ensaio cometa e provas citogenéticas” é o título da pesquisa publicada na revista científica Toxicologia Ambiental e Farmacologia, da Holanda.  O trabalho detalha os efeitos genotóxicos (os danos sobre o material genético) do glifosato em células humanas e de ratos.  Foram confirmados inclusive danos genéticos em células humanas com doses de glifosato em concentrações até vinte vezes inferiores às utilizadas nas fumigações de lavouras.

Outra das pesquissa realizada chama-se “Genotoxicidade do AMPA (metabólito ambiental do glifosato), avaliada pelo ensaio cometa e testes citogenéticos” Publicada na revista Ecotoxicologia e Segurança Ambiental, dos EUA. O AMPA é o principal produto da degradação do glifosato (o herbicida se transforma, principalmente pela ação das enzimas bacterianas do solo em AMPA. Confirmou-se que o AMPA aumentou os danos ao DNA em cultivos celulares e em cromossomas em cultivos de sangue humana. “Demonstrou-se que o AMPA tem tanta ou maior capacidade genotóxica do que sua molécula parental, o glifosato”, afirma a pesquisa dessa universidade pública.

“Em diversas pesquisas, confirmamos danos genéticos em pessoas expostas aos agrotóxicos. O dano cromossômico que vimos indica que tipo de pessoa tem maiores riscos de padecer de câncer em médio e longo prazo, e também de outras enfermidades cardiovasculares, malformações e abortos”, explicou Fernando Mañas, doutor em Ciências Biológicas e integrante da equipe da UNRC.

Mañas trabalha juntamente com Delia Aiassa e juntos coordenam, desde 2006, o grupo de pesquisas. Inicialmente, eram cinco pesquisadores. Na atualidade, são 21, com enfoque multidiscplinar (biólogos, veterinários, microbiólogos, psicopedagogos e advogados). O eixo comum são os efeitos da exposição às substâncias químicas sobre a saúde humana, ambiental e animal. Trabalham junto a populações expostas aos agrotóxicos, estudam cromossomas, o DNA e o funcionamento do material genético.

Em seus quinze artigos científicos, os pesquisadores confirmaram o efeito dos agrotóxicos sobre o material genético, tanto em cobaias animais em laboratório, como em populações humanas expostas durante seu trabalho e involuntariamente às substâncias químicas. A última pesquisa, em 2014, foi realizada em crianças com idade entre 5 e 12 anos nas localidades de Marcos Juárez e Oncativo (em Córdoba), onde também encontrou-se um aumento dos danos no material genético dessas crianças.

Explicam que os estudos em cromossomas são sobre material genético. Encontraram altos níveis de danos genéticos em pessoas expostas aos agrotóxicos. O dano em cromossomos (material genético) alerta que a pessoa está com riscos de desenvolver algumas enfermidades. “Quanto maiores os danos genéticos, maior probabilidade de surgimento de câncer”, afirmou Mañas.

Ao longo de seus quinze estudos realizados, utilizaram diferentes técnicas.  Todas confirmaram danos genéticos. “Os agrotóxicos e os danos que provocam estão absolutamente ligados ao modelo agropecuário vigente”, afirma Mañas, embora esclareça que é uma opinião de caráter individual e não uma postura de toda a equipe de pesquisadores.  Primeiro, trabalharam com uma amostra de 20 pessoas da periferia de Rio Cuarto.  Aprofundaram o estudo em 50 pessoas de outras localidades e, em seguida, com 80 de Las Vertientes, Marcos Juárez, Saira, Rodeo Viejo  e Gigena. Os produtos mais encontrados e que provocam mais danos são glifosato, atrazina, cipermetrina, clorpirifós e endosulfan.

“Estresse oxidativo e ensaio cometa em tecidos de ratos tratados com glifosato e AMPA”, é o título de outro trabalho publicado na Revista de Genética Básica e Aplicada da Argentina. Confirmaram um “incremento significativo” dos danos ao DNA no fígado e no sangue. Na Revista Científica Boletim de Contaminação Ambiental e Toxicologia (dos EUA), confirmou-se o dano genético em trabalhadores rurais. “Esses resultados mostram que a exposição humana a combinações de agrotóxicos  pode incrementar os riscos de desenvolvimento de patologias relacionas com a genotoxicidade  (câncer, problemas reprodutivos e/ou na descendência)”, detalha a revista.

Boa parte das pesquisas do grupo acadêmico  está presente no livro “Plaguicidas a la Carta” (Pesticidas no Menu). Nele são  abordados os danos genéticos e outros riscos representados  pelas características dos pesticidas, os efeitos sobre o material genético humano e de animais silvestres, a suscetibilidade das pessoas e os efeitos do glifosato, entre outros agrotóxicos.


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